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[oneshot] O Dia Em Que Eu Derrubei Meu Amor

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Gwendolyn
Alice
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Mensagem  Alice Qui Dez 03, 2009 6:33 pm

A menina passeava num lugar afastado da cidade, com seu lindo vestido branco e os curtos cabelos brancos ao vento. Era de tarde, o céu ainda estava num belo azul claro, mas o pôr-do-sol estava próximo. Deitou-se no meio das flores que tinham maravilhosas cores intensas. Sua mãe havia lhe dito para voltar antes de escurecer, e assim o faria. Com a mão direita colheu algumas flores e começou a fazer um arranjo para os cabelos. Distraiu-se ao começar a fazer coisas com as flores, enfeites efêmeros. Seus olhos estavam vidrados nas pétalas coloridas e na fragância suavemente doce.

-É, você tem jeito para coisa.

Um rapaz se aproximara e a fez saltar assustada. Estava tão concentrada nas flores que não percebeu sua aproximação.Levantou-se rapidamente, corada, limpando o vestido. O céu estava tingido de rosa-alaranjado.

-Eh...um.... Obrigada. - disse coçando a cabeça com seus cabelos despenteados.

-Você não deveria estar já em casa? Logo será noite.

A menina etão se deu conta da cor do céu. Ficou um pouco nervosa. Se ela corresse, talvez consegueria chegar em casa um pouco antes de ficar completamente escuro.

-É verdade! Preciso correr, muito obrigada. - eufórica, pegou seus trabalhos feito com flores do chão e virou-se para pegar o caminho da estrada.

O rapaz a viu já tomando o caminho. Pensu um pouco e levantou a voz.

-Espere aí, garota, deixe que eu lhe acompanho. É perigoso uma dama andar sozinha esta hora. - sorriu para ela.

-Ehm... bem... se não for atrapalhar... - ela virou para ver os olhos dele. Como ele era bonito e gentil... Já o vira antes na sua vila, mas apenas de relance. Nunca ficara tão próxima.

Os dois foram caminhando a passos rápidos para poderem chegar a tempo, mas veio o cansaço. Começaram a andar normalmente, conversando animadamente. Riram da senhora gorda da quitanda, das manias esquistas dela. CROC. Um galho quebrou-se. Um animal bufafa enraivecido. Com o braço, o garoto mandou-a parar e depois para silenciar-se. Escutavam o animal se aproximando. O coração da loira disparava. Estava com medo.

Sem aviso prévio, veio uma besta, rápida e avançou nos dois. Ela ergueu seu braço com garras e tentou atingir a garota. Ele se jogou para tirá-la da mira, mas acabou atingido. Suas costas agora escorriam sangue. Mas ele não poderia ceder... precisaria espantar a besta. A primeira coisa que viu foi uma pedra. Começou a lançar pedras para afastar o bicho. Logo após achou um galho grande que tinha caído. Segurou com as duas mãos e avançou no animal. Foi uma breve luta, logo depois a criatura sumiu na mata e o garoto, exausto, caiu no chão.

-Você está bem? -aproximou-se a menina, preocupada, vendo as feridas. seus braços e tórax estavam arranhados. Ela rasgou parte do barrado do vestido para cobrir a ferida na região do abdomen.

-Eu logo... fico melhor... Vamos logo para a vila, antes que o animal volte.

Foram então lentamente para a vila - porém o mais rápido que ele conseguia ir. Chegaram então na casa da garota. Ela pediu para ele entrar, mas este insitiu que era melhor ele ir para a própria casa. Ela entrou então pela porta, de cabeça baixa. Sua mãe se assutou ao ver a filha suja e com o vestido rasgado. Então ela lhe contou o que havia acontecido.

-O animal... era grande, escuro e atacava tudo o que via?

-Sim, mamãe...

-Pobre rapaz... Vamos filha, lave-se e vá dormir.

No dia seguinte, ela colocou outro vestido branco e foi até a casa do rapaz. Acabou descobrindo onde morava após perguntar ao seu pai. O visitava todos os das, até que ele saísse da cama. Então, foram ao bosque novamente, pra conversar. Ali, ambos descobriram um forte sentimento. Aquele sentimento que dá vontade de estar sempre jutno a pessoa... amada.

Debaixo de uma árvore, deram se primeiro beijo, tímido. E junto, a confissão de que ele as vezes sentia dores... mas não era nada preocupante. Deveria ainda ser a cicatrização. Assim, os dias foram divertidos, os dois passeando pelas flores coloridas, as vezes a menina pegava seu arco e treinava na árvore. Ele adorava vê-la concentrada e admitiu que ela dominava tão bem o instrumento quando as flores.

Havia se passado um longo tempo. Os dois se divertiam muito juntos no meio das flores que exalavam mais uma vez aquele aroma delicioso. Outro dia, debaixo da mesma árvore, ele estava sério. Ela estava com seu arco e flecha. Ele lhe segurou a mão.

-Estou me tornando uma besta... E só quero que uma pessoa possa me tirar a vida... você.

-Co-como assim? Do que estás falando??

-Reza a antiga lenda... Aquele que pela besta for ferido, em seu corpo herdará a maldição. Transformar-se-á na mesma fera que o causa aflição.

-Mas... não... não pode ter sido... no dia em que...

-Nos conhecemos. Exatamente. Estive guardando as dores para mim... mas não posso mais aguentar. Por favor... me mate... atire em mim. Antes que lhe machuque.

Ela desabou em lágrimas. Sentia-se culpada. Era ela para ter sido atingida. E agora... ela teria que matar o seu amor... Porque ela merecia tal castigo tão cruel? Ma sabia que isso era verdade.. ela havia esquecido da lenda, que tanto havia escutado quando era menor.

-Eu te amo... - murmurou. Quando ela abriu os olhos e estes não estavam mais turvos, parecia que tudo havia desbotado. A grama não era mais tão verde. Deram seu último beijo, suave... o beijo que demarcaria a separação.

Ele se afastou, urrando de dor. Dava para ver nos seus olhos a fúria crescente. Ia escurecendo e ele não se aproximou mais. Com a dor no coração de ver o quanto ele sofria, o quão ele havia sofrido em silêncio, deixou as lágrimas escorrerem mais uma vez. A luz da lua iluminou os dois. Pegou arco junto com suas flechas. Preparou-se. Viu seu amado desfigurar-se. As lágrias pararam e ela deu seu primeiro disparo. O segundo... terceiro... A fera berrava e avançava. Ela atirava, sentia atirando em si. Seu amado caiu no chão... mas ainda estava vivo. Ela tinha que matá-lo. A luz refletia naquela flecha que mirava a garganta, dando um triste tom de prata. E a única que respirava ali, agora, era ela, com seu lindo vestido branco.

Olhou para as flores, que ainda eram botões. Não via mais vida nelas. Não via mais as cores intensas que tinham antes. Olhou para o corpo da besta caída no chão. A dor em seu coração era insuportável. Olhava para lua, que parecia arder em chamas azuis. Ajeitou mais uma flecha em seu arco. Virou para cima, a luz refletia tanto que a flecha tornou-se branca ao ir para o céu. E aquela flecha de luz perfurou o seu coração. E seu corpo caiu no chão duro. Foi a última coisa que sentiu.

"Num mundo onde se perde aquele que se ama, em que cor desabrocham as flores?"

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